quarta-feira, 8 de abril de 2009












esperar por onibus em Brasília é assim
















































Política


Tenho 18 anos e ouvi ontem do meu pai a seguinte frase: "e eu achei que a sua geração fosse mudar alguma coisa". Fiquei pensando o que poderíamos mudar. Com tantos escândalos de corrupção todos os que têm caráter tomam repúdio pela política. Respondi a ele: "nós crescemos vendo corrupção, eu e minha geração não acreditamos em nada, a esperança acabou". Senti-me envergonhado pela resposta, mas foi o sentimento que consegui expressar na hora. Gostaria de ter respondido que tudo vai passar e nós vamos mudar, mas preciso de um pouco mais de fé pra isso. A classe política está afastada do povo, com tantos escândalos e desrespeito aos impostos que pagamos me parece que o congresso perde a legitimidade de governar. A excessiva concentração política distancia ainda mais o cidadão do político. Se houvessem distritos locais com representantes específicos talvez essa distância fosse menor, se o deputado fosse eleito para representar um pequeno numero de municípios talvez essa distância diminuísse, ou mesmo se uma parcela maior sobre as decisões coubessem aos municípios ou as câmara de vereadores talvez as coisas fossem diferentes. Cobraríamos direto do vereador que mora na rua de cima. Pensando a respeito percebo que ainda há esperança, mas qualquer mudança deve vir acompanhada de uma maior participação política por parte dos eleitores e conseqüente aproximação destes com os tomadores de decisão.
Mas não basta confiar no eleitor, todos erram e precisam ser fiscalizados. Quaisquer mudanças significativas nos níveis de corrupção devem vir acompanhadas de uma reforma radical no judiciário, que extinga finalmente o famoso jeitinho Brasileiro (leia-se jeitinho de se dar bem a qualquer custo), afinal a corrupção nasce na sociedade e se amplia no poder. A impunidade é o fertilizante da corrupção, todos devem ser punidos, seja quem for.
Foram os funcionários do congresso (gente comum brasileira) que fizeram fila pra receber horas extras no período de recesso de carnaval. São os freqüentadores de cinema (gente comum brasileira) que falsificam carteirinhas de estudantes para se beneficiar da lei. São os motoristas (gente comum brasileira) que furam filas de retornos e avançam sinais vermelhos. São estudantes de classe média alta (gente comum brasileira) que financia o trafico de drogas atuando simplesmente como usuários. São policiais (gente comum brasileira) que atira antes de perguntar e estende a mão para receber propina antes de pensar se isso é correto.
É a sociedade que está corrupta, quem não usa do jeitinho brasileiro é um bobo, espertos devem se dar bem a qualquer custo. Ninguém pensa nas conseqüências de seus atos. Estamos na era do egoísmo. Democracia existe com o cumprimento de leis. Punições devem ser garantidas para todo o povo comum brasileiro que infligir às mesmas.